sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Entrevista com Paul Shepard, por Derrick Jensen



Derrick Jensen: Se a destruição do mundo natural não esta nos fazendo felizes, por que estamos fazendo isso?

Paul shepard: Todo ano, durante trinta e cinco anos, começo o curso com esta questão, e ainda não tenho qualquer resposta. Mas posso lhe dizer as duas principais direções que meus pensamentos têm me levado. A primeira é que as experiências históricas com o ambiente natural condiciona nossas reações a isto e nossas idéias sobre isto. Quais são os antecedente culturais e ecológicos das atitudes e idéias ocidentais? Uma é a nossa crença em um mundo futuro que será melhor que o atual; outro é a "necessidade" de dominar a natureza, uma terceira é aquela aguda divisão entre humano e o não humano, entre o espiritual e o corporal. Estas crenças emergem de um legado de destruição catastróficas por povos que nós hoje identificamos como Sumérios, Mesopotaneos, Indo-europeus, Hebreus, Gregos e Romanos. Suas idéias sobre eles mesmos se formaram em um lugar onde o solo foi exaurido, as florestas já tinham sido sériamente prejudicadas, e o ambiente foi cada vez mais sujeito a secas, inundações e surtos de pestes. Se o mundo onde a vida é deteriorada, empobrecida, insustentável, parece estar esgotada e não oferece esperança nem conexões, a esperança de alguém poderia ser colocada em outra vida ou em outro mundo. Se a Terra não tem sido nutrida, como tem acontecido atualmente na África e em muitas outras partes do planeta, onde há mais pessoas e recursos insuficientes, não há razão para que alguém devesse se preocupar em sustentar a Terra. O ciclo de desespero, rejeição e abuso do planeta se alimenta em si mesmo.
Minha segunda direção parte do processo de desenvolvimento pessoal. Tudo que sabemos sobre as primeiras experiências individuais na vida tende a sugerir que muito do que pensamos , sabemos e como entendemos, já foi sido determinado para nós pelo tempo quando ainda tinhamos dez anos. Somos profundamente comprometidos psicológicamente exatamente no inicio da vida. Então é depois que nossos conceitos e idéias adultas articulam estas primeiras experiências, Dando lógica aos motivos que percorrem por baixo de nossa consciência. A questão para qual procuro uma resposta preliminar em Nature and Madness vem a ser: O que podemos identificar como sendo a característica do início da infância no mundo ocidental que nos levaria como adultos a perceber o mundo natural como hostil para nós mesmos, como algo que requer controle e dominação, algo a ser temido, e como algo que rejeitamos por algum mundo mítico que é melhor que este?
Outra maneira de perguntar isto é: Como as crianças crescem de forma diferente em sociedades de pequenas escalas, e que não são altamente desenvolvidas tecnológicamente, particularmente as sociedades primitivas na qual estamos cercando, como oposto ao modo que elas crescem em sociedade pastoris, de agricultura altamente desenvolvida ou urbanas?
Quais as diferenças entre a criança civilizada e a tribal se levantam e que expressa uma predisposição da criança civilizada a ser mais temerosa e controladora do seu mundo quando adultas?
Estas duas linhas de pensamento vem juntas. Se os povos no vale dos rios Tigre e Eufrates, e na "terra sagrada" das religiões mundiais, viveram em uma crescente superpopulação, num mundo perigoso, ameaçador e empobrecido, isto teria afetado a maneira que cresciam suas crianças e as marcas de crianças nas emoções adultas. Somando isto ao fato de que a vida pastoril cria um senso de alienação do mundo natural que é até mesmo mais extremo do que dos povos agricultores, possivelmente mais que os povos urbanos. O terror criado pelas culturas eqüestres distorceu o modo na qual as crianças cresciam e no modo como o homem e a mulher se relacionavam. Os eqüestres criaram um traumático senso de condenação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário