domingo, 11 de abril de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dez Golpes Contra a Política

Politica é a arte da separação.
Onde a vida têm perdido sua plenitude, onde os pensamentos e as ações dos indivíduos tem sido dissecados, catalogados e cercados em esferas separadas - a politica se inicia. Tendo distanciado algumas das atividades dos individuos (a discussão, conflito, decisão em comum, entendimento) em uma zona que por si mesma clama governar tudo e todos, certo de sua independência, a politica é ao mesmo tempo a separação entre as separações, e a administração hierarquica do separatismo. Deste modo, a politica se mostra como uma especialização, forçada a transformar o problema sem solução de sua função num pressuposto necessário para resolver todos os problemas. Por esta razão, o papel do profissional na politica é incontestável - e tudo que pode ser feito é substituí-los de tempos em tempos. Sempre que os subversivos aceitam separar os vários momentos da vida e mudar condições específicas iniciadas por tais separações, eles se tornam os melhores aliados da ordem mundial. De fato, enquanto a política aspira ser um tipo de precondição da própria vida, a política ataca com seu bafo mortal em todo lugar.

A politica é a arte da representação
Para governar as mutilações impostas a vida, a política restringe os individuos a passividade, a contemplação do espetáculo preparado sob a impossibilidade de suas ações, sob a irresponsável delegação de suas decisões. Então, enquanto a abdicação da vontade de determinar a sí próprio transforma indivíduos em apêndices da máquina estatal, a politica recompõem a totalidade da fragmentação numa falsa unidade. O poder e a ideologia celebram portanto seu casamento mortal. Se a representação é o que toma a capacidade de agir dos individuos, substituindo pela ilusão de serem participantes ao invés de espectadores, esta dimensão do politico sempre reaparece onde quer que qualquer organização toma o lugar do individuo e qualquer programa os mantem em passividade. Isto sempre reaparece onde uma ideologia une o que é separado na vida.

A politica é a arte da mediação
Entre a tão chamada totalidade e os individuos, e entre individuo e individuo. No momento em que a divina vontade tem necessidade de seus interpretes terrestres, deste modo a coletividade tem necessidade de seus delegados. Assim como na religião, não existe relacionamento entre humanos mas sim entre os crentes, assim como na politica não são os individuos juntos, mas sim os cidadãos. A conexão entre os membros impedem a união porque a separação desaparece com a união. A politica nos submete todos igualmente porque não existe diferença na escravidão - igualdade perante Deus, igualdade perante a lei. É por isso que a politica subsititui o dialogo real, o qual recusa mediações. O racismo é o sentimento de pertencer que impede a relação direta entre os individuos. Toda politica é uma simulação participatória. Toda politica é racista. Apenas pela demolição de suas barreiras pela revolta cada um poderia se conhecer em sua individualidade. Eu me revolto, consequente, estamos em revolta. Mas se estamos, adeus revolta.

Politica é a arte da impersonalidade
Cada ação é como o momento de uma faísca que escapa da ordem da regra geral. A politica é a administração desta ordem. "Que tipo de ação você quer face a complexidade do mundo?" Isto é aqueles que tem sido entorpecidos pela dual sonolência de um Sim que é não e um Mais que é nunca. Burocracia, este criado fiel da politica, é o nada administrado para então ninguem poder agir, portanto ninguem reconhece sua responsabilidade na irresponsabilidade generallizada. O poder não diz mais que está tudo sob controle, ele diz o oposto: Se eu não administrar sempre para achar a solução, imagine alguma coisa qualquer ".
A politica democratica esta baseada agora na ideologia catastrofica da emergencia (" Nós ou o fascismo, nós ou o terrorismo, nós ou o desconhecido"). Mesmo quando oposto, geralmente é sempre um evento que nunca acontece e que cancela todos aquels que acontecem. A politica convida a tdos a participarem do esptaculo deste movimento imóvel.

A politica é a arte de adiar.
O tempo da politica é o tempo futuro, este é o porque que apriosiona todos num presente miserável. Todos juntos, porém amanhã. Qualquer um que diz " Eu e Agora!" arruina a ordem da espera com a impaciência que é a exuberancia do desejo. Esperar por um objetivo que escapa do percurso do particular. Esperar por um crescimento quantitativo adequado. Esperar por resultados mensuráveis. Esperar pela morte. Politica é a constante tentativa em transformar a aventura em futuro. Mas apenas se eu decido "eu e agora" poderia sempre ser um nós que não é o espaço de renuncia mutua, a mentira que rende a cada um de nós o controle do outro. Qualquer um que queira agir imediatamente é sempre colocado sob um olhar suspeito. Se não é um provocador, isto é, pode ser usado como um. Mas é o momento de uma ação e de um prazer sem amanhãs que nos transporta para a manhã seguinte. Sem os olhos fixados na mão do relógio.

A politica é a arte da acomodação.
Sempre a espera das condições estarem propicias, Acaba-se , cedo ou tarde formando uma aliança com o senhor da espera. Na realidade, a razão, que é o orgão da impersonalidade, sempre fornece alguma boa razão para chegar a um acordo, para restringir danos, para a salvação de algum detalhe de um todo desprezivél. A politica tem um olhar afiado para descobrir alianças. Não são todos os mesmos, eles dizem. O Partido Comunista Reformado certamente não é como a crescente e perigosa direita. (não votamos para eles nas eleições - somos abstencionistas - porem as comissões civis, as iniciativas nas praças são outra coisa). A saúde pública é sempre melhor que a assitência privada (devido ao custo). Um salário minimo garantido é sempre preferível ao desemprego. A politica é o mundo do menos mal. E submeter a si mesmo ao menos mal, pouco a pouco aceita-se a totalidade na qual apenas parcialidades são garantidas. Qualquer um que contrariamente não quer nada com este menos mal é um aventureiro. Ou aristocráta.

A politica é a arte da avaliação (calculo).
Para que se possa fazer alianças lucrativas, é necessário aprender os segredos dos aliados. Avaliação politica é o primeiro segredo. É necessário aprender por onde andar. É necessário desenvolver relações de esforços e resultados. E por meio do calculo do que se tem, acaba-se se beneficiando de tudo exceto da vontade de se posicionar no limite e perder. Portanto, sempre se dedica consigo mesmo, cuidadoso e rapido para pedir a conta. Com o olho fixado no que o circunda, nunca se esquece de si mesmo. Vigilante como um militar. Quando o amor de si mesmo se torna escessivo requer (...).
E esta superabundanicia de vida nos faz esquercermo de nós. Na tensão da agitação, nos faz perdera conta. Mas o esquecimento de nós mesmos é o desejo de um mundo no qual é o preço de perder a si mesmo, um mundo que
merece nosso esquecimento. E isto é o porque que o mundo esta assim, administrado por carcereiros e contadores, destruido - parafazer espaço para o gasto de nós mesmos. A insurreição começa aqui. Superando o calculo, mas não através da carencia, como o humanitarismo perfeitamente moderado e silencioso aliando-se com as recomendações do carrasco, mas sim através do excesso. Aqui acaba a política.


A política é a arte do controle.
Para que a atividade humana não seja libertada dos grilhões das obrigações e do trabalho revelando a si mesmo em todo seu potencial. Para que os trabalhadores não se encontrem como individuos e coloquem um fim na exploração. Para que os estudantes não decidam destruir as escolas para que possam escolher quando e como aprender. Para que os amigos intimos e parentes não se apaixonem e deixem de ser meros servos de um mero estado. Para que as crianças sejam copias imperfeitas dos adultos. Para que a distinção entre bons (anarquistas) e maus (anarquistas) não seja disfeita. Para que os individuos não tenham relacionamentos e sim mercadoria. Para que ninguem desobedeça a autoridade. Para caso alguem atacar a estrutura da exploração do estado, alguem apressa-se a dizer, "este não o trabalho de camaradas" . Para que os bancos, cortes e quartéis não explodam. Resumindo, para que a vida não se manifeste.

A politica é a arte da recuperação
A mais efetiva maneira de desencorajar toda rebelião, todo desejo para uma mudança real, é apresentar um homem ou mulher do estado como subversivos, ou melhor ainda, tranformar um subversivo em um homem ou mulher do estado. Nem todas as pessoas são pagas pelo governo. Existem funcionários que não são encontrados nos parlamentos. Antes, frequentam os centros sociais e conhecem suficientemente as teorias revolucionárias. Eles argumentam sobre o potencial libertário da tecnologia; teorizam sobre as esferas públicas não-estatais e a excelência de tal questão. A realidade - eles sabem isto bem - é sempre mais complexa do que qualquer ação. Portanto, se eles anseiam por uma teoria total, é apenas para negligenciar totalmente isso na vida diária. O poder precisa deles porque - como eles mesmos nos explicam - quando ninguem o critíca, o próprio poder se critica.

A politica é a arte da repressão...
De qualquer um que não separa os momentos de sua vida e daqueles que querem mudar as condições de sua vida começando pela totalidade dos seus desejos. De qualquer um que queira por Fogo na passividade, contemplação e delegação. Daqueles que não querem ser suplantado por qualquer organização ou imobilizado por qualquer progama. De qualquer um que queira ter relações diretas entre individuos e fazer diferente cada espaço uniforme. De qualquer um que não tenha nenhum nós para qual jurar. De qualquer um que pertube a ordem de esperar pois quer se levantar imediatamente, não amanhã ou depois de amanhã. De qualquer um que se ofereça sem compensações e se comporta de modo impróprio em excesso. De qualquer um que defenda seus camaradas com amor e determinação. De qualquer um que ofereça aos recuperadores uma só possibilidade: a de desaparecerem. De qualquer um que recuse tomar lugar nos numerosos grupos de espertos e de anesteziados. De qualquer um que não queira nem governar nem ser governado. De qualquer um que queira transformar o futuro numa fascinante aventura.


“Il Pugnale”, Maio de 1996

domingo, 4 de abril de 2010

A Domesticação da Vida

A domesticação é o processo que a civilização usa para doutrinar e controlar a vida de acordo com a sua lógica. Esses mecanismos aperfeiçoados de subordinação incluem: domesticação, criação, manipulação genética, intimidação, extorsão, aprisionamento, adestramento, coerção, chantagem, escravidão, governo, terrorismo, assassinato - a lista continua, incluindo quase todas as interações sociais civilizadas. Suas ações e efeitos podem ser examinados e sentidos por toda sociedade, reforçada pelas várias instituições, rituais e costumes. É também o processo pelo qual populações humanas antes nômades se mudaram para uma existência sedentária e assentada através da agricultura e criação de animais. Este tipo de domesticação requer uma relação totalitária com a terra, com as plantas e os animais sendo domesticados. Ao passo que em um estado selvagem toda vida divide e compete por recursos, a domesticação destrói esse balanço. A paisagem domesticada (ex.: terras pastoris/campos de agricultura, e em um nível menor, horticultura e jardinagem) requer o fim da livre divisão dos recursos que antes existiam; onde antes era "tudo é de todos", agora é "meu". No romance Ismael, o autor Daniel Quinn fala sobre essa transformação dos "largadores" (aqueles que aceitavam o que a Terra oferecia) aos "pegadores" (aqueles que exigiam da Terra o que eles queriam). Essa noção de posse é o que levou a fundação da hierarquia social enquanto a propriedade e o poder emergiam.

A domesticação não somente muda a ecologia de uma ordem livre para uma ordem totalitária, como escraviza as espécies que são domesticadas. De modo geral, quanto mais um ambiente é controlado, menos sustentável ele se torna. A própria domesticação humana envolve vários tipos de posses e controles, em comparação com o modo de vida nômade e coletor. Não é de se esperar que muitas alterações feitas de uma vida nômade-coletora para vida domesticada não foram feitas de forma autônoma, mas foram feitas através da lâmina da espada e da mira das armas. Considerando que somente há 2.000 anos atrás a maior parte da população do mundo era composta de coletores-caçadores, agora não chega 0.01%. O caminho da domesticação é uma força colonizadora que tem trazido uma grande quantidade de patologias para as populações dominadas e para os criadores dessa prática. Vários exemplos incluem um declínio na saúde nutricional devido ao uso de dietas não diversificadas, cerca de 40 a 60 tipos de doenças foram integradas nas populações humanas através de animais domesticados (como a influenza, gripe comum, tuberculose e a gripe aviária), o aumento dos excedentes que poderiam ser usados para alimentar a população desequilibrada, o que invariavelmente envolve a propriedade e o fim da divisão incondicional.


Tradução: Coletivo Ervadaninha - iniciativa anarquista-verde

sexta-feira, 2 de abril de 2010