segunda-feira, 30 de março de 2009

Além do Pensamento Simbólico - Uma breve entrevista com John Zerzan 
Por Kevin Tucker, "species traitor" #3, Primavera de 2003 

Parece que nem um outro anarquista mostrou tanto interesse no conceito de pensamento simbólico como John Zerzan. Nas últimas décadas, John devotou seu trabalho a um pensamento crítico da totalidade da civilização, do pensamento simbólico à miséria diária de sua forma de viver e as falhas da Esquerda. Seus ensaios sobre a origem da civilização foram organizados em "Elementos de Recusa", "Futuro Primitivo" e mais recentemente em "Correndo no Vazio - a Falha do Pensamento simbólico". Ele editou "Against Civilization" (Contra a Civilização), e é co-editor de "Questioning Technology" (Questionando a Tecnologia). 

Kevin Tucker: Como você distinguiria a cultura simbólica e o pensamento simbólico, e qual a relação disso com a civilização? 

John Zerzan: O que seguiu depois que as espécies começaram a simbolizar constitui a cultura simbólica. Essa mentalidade vem para definir o que o pensamento é, e  a parte sensorial da experiência vem para dar caminho à experiência simbólica; isto é, a experiência direta foi reduzida a zero. 
Este limitado e projetado modo cultural é relacionado diretamente com a civilização, que é o produto do controle continuo visando a domesticação. 
A cultura simbólica nas formas de arte e cultura, por exemplo, envolve representar a realidade sendo assim processado como substituto da experiência direta. Elas emergem como sociedades desenvolvendo desigualdades que expressam-se em papeis especializados e áreas de autoridade separatista. O simbólico pode ser visto como uma tecnologia, que trabalha para a realidade como uma força de dominação. Uma perspectiva similar é a "razão instrumental" de Horkheimer e Adorno, significando que a civilização vem para infundir ou deformar a racionalidade em padrões da lógica do controle. 
Freud viu que a civilização é a condição necessária para o trabalho e a cultura triunfar; a saber, a renúncia forçada da liberdade de instinto e Eros. Entendido nesse sentido, fica mais fácil compreender a íntima conexão entre a cultura simbólica e a civilização. 

Kevin Tucker: O quanto atrás devemos procurar com uma crítica da civilização e por que? Qual é o significado de buscar tão longe? 

John Zerzan: Eu não penso que é possível desenterrar as profundezas ou origens da civilização sem examinar de forma crítica as divisões de trabalho ou a especialização. No poder efetivo dos especialistas - possívelmente o pajé como o primeiro caso a ser visto - está o começo das desigualdades na sociedade humana. Uma instituição desta simplicidade, é claro, foi grandemente deixada de lado. Como é possível ter vida moderna sem a divisão do trabalho? Mas certamente é isto que estamos colocando em questão! A Modernidade é vista de forma cada vez mais impossível e nós estamos conduzindo admiravelmente das raízes ao extremo da sociedade "avançada". O que impulsiona essa trajetória? 
Divisão do trabalho conduz à produção em massa, mesmo nos tempos antigos, e isso requer coordenação e justificativas. Chefes, patrões, padres vem disto. No começo gradual e sem alarde e depois o rápido desenvolvimento da especialização direciona o trabalho braçal para a domesticação, a base que define a civilização. 
O controle/contenção toma seu próximo passo com a propriedade privada, mas certamente o poder para dominar animais e plantas (domesticação) trouxe a civilização rapidamente, em termos relativos. E as elites nascentes que eram sustentadas pelo aumento da divisão trabalho proveram a fundamentação para a mudança definitiva para a domesticação. 

Kevin Tucker: Na sua visão, como as pesquisas e estudos científicos associadas com a antropologia e arqueologia pesam comparado com o que sabemos hoje, sobre nós mesmos ou sobre as tribos e bandos remanescentes de vários níveis de existência civilizada? 

John Zerzan: Eu concordo com aqueles que dizem que consultar nossas próprias vidas é mais ao ponto, mais potente que considerar a literatura antropológica e arqueológica. Mas eu penso que é válido também considerar as evidências do passado que demonstram um estado de "anarquia natural" que foi obtida por um longo tempo. Esse cenário é uma inspiração para mim, a realização do prevalecimento de formas de viver não hierarquizadas que constituem a única bem sucedida e sustentável adaptação para o mundo que nossas espécies conheceram. Nossa visão, nossa crítica da civilização não depende de um cenário ou registro, mas pode ser desenhado com base nisto. 
Muitos de nós estamos significantemente longe de ser removido da existência domesticada que qualquer indígena vivente. Isto é importante para os ditos anarquista verdes como eu para aprender com eles e apoiar suas causas.                            

Kevin Tucker: Como como algo como a linguagem tomou forma? VocÊ acha que a mudança com a linguagem e a arte necessariamente trouxe-nos para a agricultura ou há aí algum ponto de mediação em que nós estamos ainda imbuídos pelo "outro" (estado selvagem)? 

John Zerzan: Ninguém sabe quando a linguagem se originou. (A fala, mais exatamente; nós podemos datar a linguagem escrita pela evidência de artefatos). É um dos mais interessantes mistérios de todos, eu diria. Só há realmente palpites, alguns dizendo que é bem recente ( emergindo no Alto Paleolítico, digamos, contemporâneo com as primeiras pinturas nas cavernas aproximadamente 35 mil anos atrás) e outros figurando que a fala humana começou mais aproximadamente na ordem de milhões de anos atrás. 
Se a linguagem e a arte apareceram mais ou menos juntos aproximadamente recente com a véspera da agricultura então uma forte ligação com a domesticação é sugerida. E obviamente, se há um longo espaço entre suas origens, então somente a arte deve ser ligada à domesticação. Mas me parece muito possível que há uma conexão - de novo, pelo menos, em termos de arte e agricultura. Eles estão bem próximos em relação ao tempo, afinal. 
Se a fala é muito antiga - e nós podemos nunca saber - então talvez o "ponto de mediação" é aquele período depois da fala e antes da arte. Aquele longo período quando a divisão do trabalho não avançou e a cultura simbólica como nós conhecemos não existia. 

Kevin Tucker: Como você vê o futuro da civilização e onde uma crítica do pensamento simbólico pode nos levar? 

John Zerzan: A civilização tecnológica está realizando a eliminação do mundo natural e novos e profundos choques individuais e sociais. Isto está consumindo, empobrecendo e destruindo todo o planeta, como todos podem ver. Não tem futuro. 
A crítica do pensamento simbólico revela como esse virus maligno originou e como poderemos agir para evitar a réplica da civilização quando ela cair. 

Kevin Tucker: Você sente que pode haver uma consciência voltada contra o simbolismo e/ou a civilização? Ou você sente que a totalidade da civilização tenha criado um relacionamento de dependência que os "domesticados" se agarrarão fortemente a isto? Você vê a anarquia sendo trazido pelos domesticados ou por aqueles que se voltaram contra sua domesticação revoltando-se contra os agentes da civilização? 

John Zerzan: Deve haver uma consciência voltada contra o simbólico e a civilização, e eu penso que isto já começou. O outro lado dessas dimensões, de fato, esteve sempre presente e agora está crescendo com uma crise generalizada que aumenta. 
Um relacionamento de dependencia é obtido, na minha opinião, ou isto pode ser facilmente chamado de "sendo preso como refém". Nós temos todos que desaprender a domesticação, e a quebra mais radical com a domesticação na sociedade irá ocorrer, eu diria, quando se tornar claro que a civilização é mais uma falácia que uma qualidade. Quando a miséria e a devastação ecológica, por exemplo, alcançar um certo nível e ao mesmo tempo, uma alternativa viável possa ser vista como mais prazerosa, segura e razoável. 

quinta-feira, 26 de março de 2009

domingo, 22 de março de 2009

Roube de volta a sua vida

Economia - O domínio da sobrevivência sobre a vida - é essencial para a manutenção de todas as formas de dominação. Sem o perigo da escassez, seria difícil coagir as pessoas a obediência da rotina diária de trabalho e recompensas. Nascemos em um mundo economizado. A instituição social da propriedade tem feita da escassez uma ameaça cotidiana. A propriedade , seja privada ou comunal, separa o individuo do mundo, criando uma situação na qual, no lugar de simplesmente alguém pegar o que quer ou o que precisa, este alguém provavelmente necessitaria de permissão,  uma permissão geralmente concedida apenas na forma de 
troca econômica. Desta maneira, diferentes níveis de pobreza são garantidas para cada um, mesmo para o rico, porque sob o domínio da propriedade o que a um é não é permitido obter supera o que para alguém é permitido ter. A dominação da sobrevivência sobre a vida é mantida.

Aqueles de nós, que desejamos criar nossas vidas como nossa reconhece que esta dominação, tão essencial para a manutenção da sociedade, é um inimigo que devemos atacar e destruir. Com este entendimento, o roubo e squats (locais abandonados que foram ocupados e transformados em moradias e ou espaços sociais auto-geridos) pode tomar uma parte significante de um projeto de vida insurgente.

Assistência social, se alimentar em sopões de caridade, Dumpster diving  ( coletar alimentos em fins de feira por exemplo. N do T) ou pedir doações pode permitir que uma pessoa sobreviva sem um emprego fixo, mas de nenhuma maneira isso atacaria a economia, ainda está dentro da economia. O roubo e o squat são muitas vezes meramente táticas de sobrevivência. Squatters que exigem e reivindicam o "direito a um lar" ou tentam legalizar seus squats,  ladrões que trabalham em seu "emprego"  como qualquer outro trabalhador, apenas para acumular mais mercadorias insignificantes -  estas pessoas não tem interesse em destruir a economia... eles meramente querem uma parte satisfatória de seus bens. Mas aqueles que ocupam e roubam como parte de uma vida insurgente, fazem isso , portanto, em desafio a lógica da propriedade econômica.

Recusar  aceitar a escassez imposta por esta lógica ou  se curvar as demandas de um mundo que não criaram, tais insurgentes tomam aquilo  que eles desejam, sempre que a possibilidade surge, sem pedir a permissão de ninguém. Neste desafio a sociedade do poder econômico, toma-se de volta a abundancia do mundo como sua - e isto é um ato de insurreição.

Para manter o controle social, as vidas dos indivíduos devem ser roubadas sempre. E no lugar da vida, recebe-se a sobrevivência econômica, a tediosa existência do trabalho e da recompensa. Não podemos comprar a nossa vida de volta, nem pedi-la que seja doada de volta. As nossas vidas só serão nossas quando as roubarmos de volta -  e isso significa tomar o que queremos sem pedir permissão.

 

-Feral faun

sábado, 14 de março de 2009

Resistindo à Mega Máquina


Nota: este tópico faz parte do texto  Uma introdução ao pensamento e pratica anarquista anti-civilização, Green Anarchy Collective 

Os Anarquistas em geral, e em particular anarquistas-verdes, adotam a ação direta em vez de formas mediadas ou simbólicas de resistência. Vários métodos e abordagens, incluindo subversão cultural, sabotagem, insurreição, "violência" política, (embora não sejam limitados somente a esses métodos) têm sido e permanecem como parte do arsenal de ataque anarquista. Uma única tática não pode ser efetiva em alterar significantemente a ordem ou sua trajetória. Mas estes métodos, combinados com transparência e crítica social, são importantes. 
A subversão do sistema pode ocorrer do sutil ao dramático e pode ser um importante elemento de resistência física. A sabotagem sempre tem sido uma parte vital das atividades anarquistas, tanto na forma de vandalismo espontâneo (público ou noturno), ou através de uma coordenação ilegal e secreta de células autônomas. Recentemente grupos como a Frente de Libertação da Terra (ELF, na sigla em inglês) um grupo ambientalista radical mantido por células autônomas, tendo alvo aqueles que lucram com a destruição da Terra, têm causado milhões de dólares em danos a lojas e escritórios corporativos, bancos, madeireiras, laboratórios de engenharia genética, veículos e casas luxuosas. Estas ações, que frequentemente são incêndios, têm inspirado muitos à ação, e são meios efetivos de não só trazer atenção à degradação ambiental, mas também como detentores de específicos destruidores da Terra. 
A atividade insurrecionária, ou a proliferação de momentos insurrecionais a qual pode causar uma ruptura na "paz social" da qual a raiva espontânea das pessoas pode ser liberada e possivelmente espalhada em condições revolucionárias. 
A atividade insurrecionária, ou a proliferação de momentos insurrecionais que podem causar a ruptura da paz social da qual a raiva espontânea das pessoas pode ser liberada e possivelmente propagadas em condições revolucionárias, também têm aumentado. A revolta de Seattle em 1999, Praga em 2000 e Genova em 2001, foram todas (de diferentes maneiras) faíscas de atividades insurrecionais, que, embora limitados em alcance, podem ser vistos como tentativa para mover em direções insurrecionárias e fazer um rompimento qualitativo com o reformismo e todo o sistema escravista. 
A violência política, incluindo o ataque a indivíduos responsáveis por atividades específicas ou pelas decisões que levam a opressão, também tem sido um foco para os anarquistas historicamente. Enfim, considerando a imensa realidade e toda extensão penetrável do sistema (socialmente, politicamente, tecnologicamente), ataques a redes tecnológicas e na infra-estrutura da mega-máquina são de interesse para anarquistas anti-civilização. Indiferente da aproximação ou intensidade, as ações militantes unidas com uma análise profunda da civilização estão crescendo. 

Tradução: Coletivo Ervadaninha - iniciativa anarquista-verde 

quinta-feira, 12 de março de 2009

A batalha pela sua mente:Técnicas de persuasão e lavagem cerebral sendo usadas atualmente no público (Técnica da Voz Ritmada)

(...)Uma "voz ritmada" é um estilo padronizado, pausado, usado por hipnotizadores quando estão induzindo um transe. É também usado por muitos advogados, vários dos quais são altamente treinados hipnólogos, quando desejam fixar um ponto firmemente na mente dos jurados. Uma voz ritmada pode soar como se o locutor estivesse conversando ao ritmo de um metrônomo, ou pode soar como se ele estivesse enfatizando cada palavra em um estilo monótono e padronizado. As palavras serão usualmente emitidas em um ritmo de 45 a 60 batidas por minuto, maximizando o efeito hipnótico.
            Agora, o pastor assistente começa o processo de "acumulação". Ele induz um estado alterado de consciência e/ou começa a criar excitação e expectativas na audiência. A seguir, um grupo de jovens mulheres vestidas em longos vestidos brancos que lhes dão um ar de pureza, vêm e iniciam um canto. Cantos evangélicos são o máximo, para se conseguir excitação e envolvimento. No meio do canto, uma das garotas pode ser "golpeada por um espírito" e cai, ou reage como se estivesse possuída pelo Espírito Santo. Isso efetivamente aumenta a excitação na sala. Nesse ponto, hipnose e táticas de conversão estão sendo misturadas e o resultado é que toda a atenção da audiência está agora tomada, enquanto o ambiente torna-se cada vez mais tenso e excitado.
            Exatamente nesse momento, quando a indução ao estado mental alfa foi conseguida em massa, eles irão passar o prato ou cesta de coleta. Ao fundo, em uma voz ritmada a 45 batidas por minuto, o pregador assistente poderá exortar, "dê ao Senhor...dê ao Senhor...dê ao Senhor...dê ao Senhor". E a audiência dá. Deus pode não obter o dinheiro, mas seu já rico representante, sim.
            A seguir, vem o pregador fogo-e-enxôfre. Ele induz medo e aumenta a tensão falando sobre "o demônio", "ir para o inferno", e sobre o Apocalipse próximo.
            Na última dessas reuniões que assisti, o pregador falou sobre o sangue que brevemente escorreria de cada torneira na terra. Ele também estava obcecado com um "machado sangrento de Deus", o qual todos tinham visto suspenso sobre o púlpito, na semana anterior. Eu não tinha nenhuma dúvida de que todos o tinham visto -- o poder da sugestão hipnótica em centenas de pessoas assegura que entre 10 a 25 por cento verão o que quer que lhes seja sugerido ver.
            Na maioria das assembléias revivalistas, "depoimentos" ou "testemunhos" usualmente segue-se ao sermão amedrontador. Pessoas da audiência virão ao palco relatar as suas histórias. "Eu estava aleijado e agora posso caminhar!". "Eu tinha artrite e ela se foi!". Essa é uma manipulação psicológica que funciona. Depois de ouvir numerosos casos de curas milagrosas, a pessoa comum na audiência com um problema menor está certa de que ela pode ser curada. A sala está carregada de medo, culpa e intensa expectativa e excitação.
            Agora, aqueles que querem ser curados são freqüentemente alinhados ao redor da sala, ou lhes é dito para vir à frente. O pregador pode tocá-los na cabeça e gritar "esteja curado!". Isso libera a energia psíquica, e, para muitos, resulta a Catarse. Catarse é a purgação de emoções reprimidas. Indivíduos podem gritar, cair ou mesmo entrar em espasmos. E se a catarse é conseguida, eles possuem uma chance de serem curados. Na catarse (uma das três fases cerebrais anteriormente mencionadas), a lousa do cérebro é temporariamente apagada e novas sugestões são aceitas.
            Para alguns, a cura pode ser permanente. Para muitos, irá durar de quatro dias a uma semana, que é, incidentalmente, o tempo que dura normalmente uma sugestão hipnótica dada a uma pessoa. Mesmo que a cura não dure, se eles voltarem na semana seguinte, o poder da sugestão pode continuamente fazer ignorar o problema... ou, algumas vezes, lamentavelmente, pode mascarar um problema físico que pode se mostrar prejudicial ao indivíduo, em longo prazo.
            Eu não estou dizendo que curas legítimas não aconteçam. Acontecem. Pode ser que o indivíduo estava pronto para largar a negatividade que causou o problema em primeiro lugar; pode ser obra de Deus. Mas afirmo que isso pode ser explicado com o conhecimento existente acerca das funções cérebro/mente.
            As técnicas e encenações variarão de igreja para igreja. Muitos usam "falar línguas" para gerar a catarse em alguns, enquanto o espetáculo cria intensa excitação nos observadores.
            O uso de técnicas hipnóticas por religiões é sofisticado, e profissionais asseguram que elas tornaram-se ainda mais efetivas. Um homem em Los Angeles está projetando, construindo e reformando um monte de igrejas por todo o país. Ele diz aos ministros o que eles precisam, e como usá-lo. Sua fita gravada indica que a congregação e a renda dobrarão, se o ministro seguir suas instruções. Ele admite que cerca de 80 por cento de seus esforços são para o sistema de som e de iluminação.
            Som potente e o uso apropriado de iluminação são de importância primária em induzir estados alterados de consciência -- eu os tenho usado por anos, em meus próprios seminários. Contudo, meus participantes estão plenamente conscientes do processo, e do que eles podem esperar como resultado de sua participação.


texto de:Dick Sutphen

Por que sou contra o trabalho?

Primeiramente eu quero deixar claro que eu nao critíco o trabalho enquanto atividade criadora, a qual chamamos erroneamente de trabalho( a origem da palavra trabalho vem de um instrumento de tortura chamado tripalium). 
O trabalho que eu critíco é aquele onde trocamos nossa força de trabalho e tempo por dinheiro (escravismo assalariado). 
o trabalho que critíco é aquele que nos limita a apenas uma atividade, controlando nosso tempo, limitando nosso universo e nossas incontaveis capacidades. 
Uma pessoa que trabalha num banco, por exemplo, tem no minimo 2/3 de seu dia destinados ao mundo do banco, talvez até mais, pois o tempo que leva pra ir e voltar do trabalho, é tempo gasto com o trabalho. 

O que nos faz procurar trabalho? 
são as nossas necessidades(e na maioria das vezes apenas para suprir a necessidades basicas!). 
mas nossas necessidades estao um pouco alteradas. Achamos que existe apenas um estilo de vida. O estilo de vida da economia de mercado, trabalho e consumo. 

A sociedade do trabalho e consumo nos prega seu estilo de vida 24h por dia se possível, atravez da tv, jornal, revistas, out doors, etc. 
É um verdadeiro bombardeio de propaganda da cultura do consumo. 
Isso faz com que a gente pense que nao existe outro estilo de vida, outra maneira de viver. 
A sociedade do trabalho e consumo nao só prega seu estilo de vida , ela nos faz pensar que é a maneira certa de viver. 
E isso é uma grande mentira pois existem muitos outros estilos de vida e maneiras de viver. 

Por estarmos quase que totalmente absorvidos pela sociedade do trabalho e consumo, nao conhecemos outras culturas e muito menos construimos a nossa própria. 

pelas nossas necessidades recorremos sempre a um emprego. 
ao fazermos isso, entramos num circulo vicioso, procura-se trabalho para garantir as necessidades, 
necessidades que, por sua vez, estao corrompidas , pois nao conhecemos e nao temos outra maneira de viver, nao conhecemos outra maneira de garantir as nossas necessidades. 
Nao cohecemos e nao temos outra maneira de viver por que estamos gastando tempo e energia trabalhando. 

Este ciclo tem que ser rompido. 

mas nao basta romper com um modo de vida, temos que conhecer e encontrar um outro. 
Nossos antepassados caçadores-coletores sabiam muito bem como viver neste mundo, sabiam como se organizar, conheciam profundamente a regiao onde viviam, eram extremamente independentes e autonomos, mantinham uma vida simples e completa. 
Muitos hoje vivem desta maneira ainda, e nao porque sao "primitivos", vivem assim até hoje porque dá certo. 

Todos nós carregamos um passado, carregamos um conhecimento ancestral, nao estamos em contato com essa "herança" por que nao a consultamos, vivemos de uma maneira que inibe este conhecimento e consequentemente nao aprendemos a consultar, e esquecemos. 
Mas o conhecimento esta ai, pulsando das mais diversas maneiras e sempre se renovando, conhecimentos e ideias e estao sempre surgindo com algo novo a dizer, basta consultarmos, basta relembrarmos. 

Para relembrarmos e recuperarmos nossa cultura e origens, vamos ter que vencer muitos preconceitos internos e externos , vamos ter que quebrar muitas regras, vamos ter que infrigir muitas leis. 
Os preconceitos, as regras e as leis reprimem o contato com nosso conhecimento ancestral, nossos instintos e nossa intuiçao. 
Ao relembrarmos e recuperarmos nossa cultura e nossas origens, vamos rever nossas necessidades, abandonar algumas, ganhar algumas e manter outras. vamos passar por uma reciclagem. 

Temos que construir um projeto de vida, algo nao só direcionado para o agora, mas para o futuro , para as proximas geraçoes. (E nao deixar de lado, jamais, a luta contra qualquer tipo de opressao). 

Muitos ja fazem isso, e aqueles que ja possuem seus estilos de vida (povos indigenas, nativos, aborigenes) estao reafirmando sua identidade cultural. Pessoas no mundo inteiro estao engajadas em projetos de modos alternativos de viver, na construcao de alternativas de vida. 
Alternativas de vida onde teremos a oportunidade de dedicar e expressar as nossas mais diferentes qualidades, onde colaboraremos com todas as nossas habilidades, onde toda atividade sera um lazer. 

Perceberemos que fazemos parte de uma grande teia de vida, e que nao temos que pagar para viver, temos apenas que nos recolocarmos nessa teia. 
Entenderemos que existe muitas maneiras de viver , e que é a diversidade que da vida ao
mundo. 

Texto de:Eduardo Mora ri 

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ignora esse idiota do começo.

Reconheça, a sua política É um puta saco!


(...)Talvez seja a hora de uma nova palavra para se definir "política", já que você transformou a velha num "palavrão". Para que ninguém saia da sala quando nós começarmos a falar sobre como agir conjuntamente para melhorar as nossas vidas. 
Então, nós apresentamos aqui nossas exigências, que não são negociáveis, e que devem ser atendidas tão logo for possível - porque nós não vamos viver para sempre, não é mesmo? 
1.Faça novamente a política relevante para o seu dia-a-dia. Quanto mais distante estiver o objeto do nosso interesse político, menos ele significará para nós; e quanto menos real e urgente ele parece, mais monótono e aborrecedor ele será. 
2.Toda a atividade política deve ser alegre e excitante por si própria. Você não pode escapar da monotonia com mais monotonia. 
3.Para realizar os dois primeiros passos, devem ser criados métodos e propostas políticas inteiramente novas. As velhas estão antiquadas e obsoletas. Talvez elas nunca foram nada aproveitáveis e é por isso que o nosso mundo está desse jeito hoje em dia. 
4.Se divirtam! Não há nenhuma desculpa para estar aborrecido! 
Junte-se a nós para fazer da "revolução" um jogo em que o que está em disputa é o maior prêmio de todos, e sem dúvida um jogo divertido e feliz. 




Texto de:Crimethinc

Homenagem à toda Resistencia Punk Anarquista...

A anarquia é a abolição do roubo e da opressão do homem pelo homem...

O Anarquismo foi criado na, e pela, luta do oprimido pela liberdade...

 

 Acredito que o capitalismo que é um caos. Não fez e nunca pode satisfazer as necessidades das pessoas.  Anarquismo não é caos, políticos assim dizem, o governo e a mídia diz: _Se não houver nenhum governo, haverá caos.  Mas sempre que você procura saber sobre a sociedade de hoje...logo vem à conclusão que talvez nós já estejamos vivendo um caos. 
  • Milhares de pessoas estão morrendo de fome ao redor do mundo, contudo,
milhões de dólares são diariamente gastos em usinas nucleares que têm o potencial de destruir nós e todo o mundo afora. 
  •  A produção não está baseado nas necessidades das pessoas. Produção é para lucro.
Então, embora haja muita comida no mundo para alimentar todos, as pessoas passam fome porque os lucros vêm primeiro. 
  • O estado ( governos, exércitos, tribunais, polícia, etc.)
é um resultado direto do fato que nós vivemos em uma sociedade de classe.por exemplo: Uma sociedade onde só 7% das pessoas possuem 84% da riqueza (na Irlanda). O estado está lá para proteger os interesses desta minoria, se não através de persuasão, então pela força. São feitas leis não para nos proteger, mas proteger esses e sua propriedade.  
  • Eleições: Números Num Pedaço de Papel
 Nós somos conduzidos a acreditar que o estado é feito para nossos interesses.Nós não temos eleições para assegurar que qualquer governo que não trabalhe possa ser conduzido a outro que trabalhe. Democracia está em números num pedaço de papel  de quatro em quatro anos. Nós somos determinados a uma escolha entre partidos e concordamos com todo o sistema que está ai e passamos a decisão para uma minúscula minoria dirigir o país. 
  • O desemprego é sempre um efeito direto de se viver sob o capitalismo.
É usado pelos patrões para pagar salários baixos. Há muitas pessoas desempregadas que trabalham por um menor salário. Isto é usado para reprimir e fazer pressões sobre os trabalhadores. A natureza caótica também conduz a uma crise regular que causa um volumoso desemprego.


Texto de: Mente Limpa

quinta-feira, 5 de março de 2009

Além do Esquerdismo

Nota: este tópico faz parte do texto  Uma introdução ao pensamento e pratica anarquista anti-civilização, Green Anarchy Collective 

Infelizmente, a maior parte dos anarquistas continuam sendo vistos e vendo a si mesmos como parte da esquerda. Esta tendência está mudando, como os anarquistas pós-esquerda e anti-civilização fazem uma distinção clara entre suas perspectivas e a falida orientação socialista e liberal. A esquerda não tem apenas provido a si mesma um monumental fracasso em seus objetivos, mas é obvio pela sua história, pelas suas práticas atuais, e sua estrutura ideológica, que (enquanto apresenta a si mesma como altruísta e promotora de "liberdade") é atualmente a antítese da libertação. 
A esquerda,fundamentalmente, nunca questionou a tecnologia, a produção, organização, representação, alienação, autoritarismo, moralismo, ou o progresso, e não tem quase nada a dizer sobre ecologia, autonomia, ou individualidade em alguma agenda "progressista", frequentemente usando aproximações coercivas e manipuladoras para criar uma falsa "unidade" ou a criação de partidos políticos. Enquanto os métodos e os exageros de implementação podem ser diferentes, o esforço total é o mesmo, a instituição da visão do mundo coletivizada e monolítica baseada na moral. 


Tradução: Coletivo Ervadaninha - iniciativa anarquista-verde 

segunda-feira, 2 de março de 2009

A Abolição do Trabalho

NINGUEM JAMAIS DEVERIA TRABALHAR 
O trabalho é a fonte de quase todos os sofrimentos do mundo. 
Praticamente qualquer mal que se possa mencionar vem do trabalho 
ou de se viver num mundo projetado para o trabalho. 

Isso não significa que precisamos parar de fazer coisas. Significa criar um novo estilo de vida baseado na brincadeira; em outras palavras, uma revolução lúdica. Com "brincadeira", quero dizer também festividade, criatividade, convívio, comensalidade e talvez até arte. Brincar é mais do que brincar como crianças, por mais que isso tenha seu valor. Eu clamo por uma aventura coletiva de alegria generalizada e exuberância livremente interdependente. Brincar não é algo passivo. Sem dúvida, precisamos de muito mais tempo do que temos agora para o ócio e a folga totais, independentemente de renda ou ocupação; mas, uma vez recuperados da exaustão causada pelo emprego, todos nós queremos agir. 
A vida lúdica é totalmente incompatível com a realidade existente. Pior para a "realidade", o buraco gravitacional que suga a vitalidade daquele pouco na vida que ainda a distingue da mera sobrevivência. Curiosamente - ou talvez não -, todas as velhas ideologias são conservadoras porque acreditam no trabalho. Algumas delas, como o marxismo e a maioria dos tipos de anarquismo, acreditam no trabalho ainda mais ferozmente porque acreditam em bem pouca coisa além dele. 
Os liberais dizem que devemos acabar com a discriminação nos empregos. Eu digo que temos que acabar com os empregos. Os conservadores apóiam leis de direito ao trabalho. Seguindo o genro rebelde de Karl Marx, Paul Lafargue, eu apóio o direito à preguiça. Os esquerdistas são a favor de pleno emprego. Como os surrealistas - só que eu não estou brincando -, sou a favor do pleno desemprego. Os trotskistas fazem agitação em nome da revolução permanente. Eu faço agitação em nome do deleite permanente. Mas se todos os ideólogos (como de fato eles fazem) defendem o trabalho - e não apenas porque planejam fazer com que outros trabalhem por eles -, estranhamente eles relutam em dizer isso. Falam sem parar de salários, jornadas, condições de trabalho, exploração, produtividade, rentabilidade. Falam de tudo, menos do próprio trabalho. Esses especialistas, que se oferecem para pensar por nós, raramente divulgam suas conclusões sobre o trabalho, por mais que ele tenha relevância na vida de todos nós. Entre eles, esmiuçam os detalhes. Sindicatos e patrões concordam que devemos vender o auge de nossa vida em troca de sobrevivência, embora discordem quanto ao preço. Os marxistas acham que devemos ser comandados por burocratas. Os liberais acham que devemos ser comandados por homens de negócios. Às feministas não importa qual a forma de comando, contanto que as comandantes sejam mulheres. Está claro que esses traficantes de ideologias têm diferenças sérias sobre como dividir  o espólio do poder. Também está claro que nenhum deles tem objeções ao poder em si, e todos querem nos manter trabalhando. 


 por Bob Black tradução: Michele de Aguiar Vartuli

D e c l a r a ç ã o U n i v e r s a l


Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,

Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,

Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

 

A Assembléia Geral proclama:

 

A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo II - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo III - Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo IV - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo V - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo VI - Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

Artigo VII - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo VIII - Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo IX - Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo X - Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo XI

1.                  Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2.                  Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.


Artigo XII
- Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo XIII

1.                  Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

2.                  Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo XIV

1.                  Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

2.                  Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XV

1.                  Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

2.                  Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo XVI - Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

1.                  O casamento não será válido senão como o livre e pleno consentimento dos nubentes.

2.                  A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo XVII

1.                  Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

2.                  Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo XVIII - Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo XIX - Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo XX

1.                  Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

2.                  Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo XXI

1.                  Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2.                  Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

3.                  A vontade do povo será à base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo XXII - Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo XXIII

1.                  Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2.                  Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3.                  Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

4.                  Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para a proteção de seus interesses.

Artigo XXIV - Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias periódicas remuneradas.

Artigo XXV

1.                  Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

2.                  A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora de matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo XXVI

1.                  Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

2.                  A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

3.                  Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo XXVII

1.                  Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

2.                  Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo XXVIII - Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo XXIX

1.                  Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

2.                  No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas por lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

3.                  Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XXX - Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

 

 

Cortesia da Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo
Comissão de Direitos Humanos

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