terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sociedade

Sociedade. Do latim socius, Companhia. 1. Uma congregação organizada de indivíduos e grupos relacionados. 2. Aparato totalizador, avançando as custas do indivíduo, da natureza e da solidariedade humana.

A sociedade em todos os lugares esta sendo impulsionada pela rotina do trabalho e consumo. Este movimento cego e induzido, tão distante de um estado companheirismo, não toma lugar sem agonia e desafeto. O "ter mais" nunca compensa o "ser menos", como prova o aumento do vício em drogas, trabalho, exercício, sexo, etc. Virtualmente qualquer coisa pode ser e é usada excessivamente em busca de satisfação numa sociedade em que sua característica é a negação da satisfação. Mas tal excesso ao menos fornece a evidencia do desejo por realização, o que é, uma imensa insatisfação com o que esta diante de nós.

Os charlatões fornecem todo tipo de escapismo, por exemplo. A panacéia New Age, um repugnante misticismo materialista em escala massiva: fraco e pensativo, aparentemente incapaz de investigar qualquer parte da realidade com coragem ou honestidade. Para os praticantes da New Age, psicologia não é nada mais do que uma ideologia e sociedade é irrelevante.

Entretanto, Bush (provavelmente Bush pai, N.do T.), avalia: "gerações nascendo entorpecidas no desespero", foi previsivelmente o suficiente asqueroso para culpar as vítimas citando seus "vazios de moral". A profundidade da estado de miséria deve ser melhor refletido pela informação federal divulgada em 19/09/91, sobre estudantes do ensino superior, que foi descoberto que ao menos 27% dos estudantes "pensaram seriamente" sobre suicídio no ano anterior.

Poderia ser que o social, com sua crescente evidência da alienação - depressão em massa, a recusa da alfabetização, o aumento das desordens psíquicas, etc. - deveria ser finalmente ser registrado politicamente. Tal fenômeno como o contínuo declínio da participação eleitoral (nos EUA o voto é facultativo) e a profunda descrença no governo levou a Kettering Foundation, em junho de 1991, a concluir que "a legitimidade de nossas instituições políticas é mais problemática do que nossos lideres imaginam", e em outubro do mesmo ano, um estudo de três estados (como noticiou o colunista Tom Wicker em 14/10/91) levou a perceber "um perigoso abismo entre os governantes e os governados".

O desejo por uma vida e por um mundo não-mutilado no qual viver colide com um fato deprimente: é fundamental para o progresso da sociedade moderna a necessidade capitalista insaciável por crescimento e expansão. O colapso do capitalismo de estado na Europa Oriental e na União Soviética, deixou apenas a variedade "triunfante" do mesmo, no comando, mas agora confrontado insistentemente com contradições muito mais sérias do que as que supostamente venceu em sua pseudo-luta contra o "socialismo". Obviamente, o industrialismo soviético não foi qualitativamente diferente do que qualquer variante do capitalismo, e ainda mais importante, nenhum sistema de produção (divisão de trabalho, dominação da natureza, e escravismo trabalhe e pague em maiores ou menores doses) pode permitir a felicidade humana ou a sobrevivência ecológica.

Podemos ver agora uma vista aproximada de todo o mundo como um moribundo tóxico e sem ozônio. Quando uma vez a maioria das pessoas procuravam a tecnologia como uma promessa, agora sabemos com certeza que isto nos matará. Computadorização, com seu tédio congelado e veneno dissimulado, expressa a trajetória da sociedade, estruturada elegantemente aparte da existência sensual e encontrando sua apoteose atual na Realidade Virtual.

O escapismo da Realidade Virtual não é o maior problema, quem de nós poderia prosseguir sem escapes? Do mesmo modo, isto não é tanto uma diversão da consciência como é uma consciência de completo distanciamento do mundo natural. A Realidade virtual testemunha uma profunda patologia,
recordando as telas barrocas de Rubens que mostram cavalheiros com armaduras rodeados, porém separados, de mulheres nuas. Aqui os tecnojunkies "alternativos" da Whole Earth Review, promotores pioneiros da Realidade Virtual, mostram suas verdadeiras cores. Um fetiche de "ferramentas", e uma total carência de interesse em criticar as direções da sociedade, direcionados a glorificação do paraíso artificial da Realidade Virtual.

O vazio consumista da simulação e manipulação de alta tecnologia deve seu domínio a duas tendências crescentes na sociedade, especialização do trabalho e o isolamento de indivíduos. Deste contexto emerge o mais terrível aspecto do mal: isto tende a ser comprometido por pessoas que não são particularmente más. A sociedade, que de nenhuma maneira poderia sobreviver a uma inspeção de consciência é preparada para prevenir tal inspeção.

As idéias dominantes e opressivas não permeiam totalmente a sociedade, ao invés, seu sucesso é garantido pela natureza fragmentada da oposição e elas. Entretanto, o que a sociedade teme mais é precisamente as mentiras que suspeitam sobre as quais ela esteja construída. Este medo ou recusa é obviamente não o mesmo como começa a expor uma força mortal de circunstâncias para as forças dos eventos.

Adorno notou na década de 1960 que a sociedade está crescendo mais e mais enganosa e incapacitada. Ele previu que as discussões eventuais das causas da sociedade poderia se tornar insignificantes: a própria sociedade é a causa. A luta por uma sociedade - se ainda pode ser chamada de sociedade - face-a-face, em e do mundo natural, deve ser baseada num entendimento da sociedade hoje como uma marcha fúnebre monolítica e expansiva.

TexTo dE: Jonh Zerzan

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